Prof. Renato Las Casas (29/03/01)
Vendo de Minas Gerais, durante as 24 horas do dia, o Cruzeiro do Sul fica totalmente "sobre a linha do horizonte" por aproximadamente 16 horas e 24 minutos. (Esse tempo é maior para cidades mais ao sul de Belo Horizonte e menor para cidades mais ao norte.) Isso não quer dizer, entretanto, que nós podemos ver o Cruzeiro do Sul durante todo esse período, uma vez que nem todo ele transcorre à noite.
A época do ano em que vemos o Cruzeiro do Sul no céu durante toda a noite vai do final de fevereiro ao final de abril. Do final de agosto ao final de outubro é a época em que menos o vemos. No final de agosto o Cruzeiro do Sul nasce ao alvorecer e se põe antes da meia noite. No final de setembro e início de outubro podemos ver o Cruzeiro do Sul no início e nos finais das noites (Pouco depois que o Sol se põe o Cruzeiro do Sul também se põe, para novamente nascer pouco antes do amanhecer). No final de outubro o Cruzeiro do Sul nasce de madrugada e se põe praticamente junto com o Sol.
A tabela abaixo nos fornece os horários de "nascimento" de Beta Crux (quando o Cruzeiro do Sul completa o seu nascimento) e "por" de Delta Crux (quando o Cruzeiro do Sul completa o seu "ocaso") vistos a partir de Belo Horizonte no dia 01 de cada mês.
DATA | "NASCER"
Beta Crux |
"POENTE"
Delta Crux |
---|---|---|
01/jan | 21:27h | 13:52h |
01/fev | 19:25h | 11:50h |
01/mar | 17:35h | 10:00h |
01/abr | 15:33h | 07:58h |
01/mai | 13:35h | 06:00h |
01/jun | 11:34h | 03:58h |
01/jul | 09:36h | 02:00h |
01/ago | 07:34h | 23:58h |
01/set | 05:32h | 21:56h |
01/out | 03:30h | 19:54h |
01/nov | 01:28h | 17:53h |
01/dez | 23:30h | 15:55h |
Pequeno Telescópio = 90 mm de diâmetro;
Binóculo 7X50 (aumenta 7 vezes e cada objetiva tem 50 mm de diâmetro)
O Cruzeiro do Sul se encontra no plano da nossa galáxia, o que faz com que o vejamos sobre a faixa esbranquiçada que corta o céu de fora a fora, conhecida por Via Láctea (Essa faixa nada mais é que a visão que temos de nossa própria galáxia, vendo-a por dentro. Veja o Assunto Passado : "A Estrutura do Universo".)
A esmagadora maioria das estrelas, assim como quase toda a poeira e gás de nossa galáxia, se encontra em um disco. Quando olhamos na direção do plano desse disco, no qual nos encontramos, não conseguimos ver objetos muito distantes, devido à absorção da luz pela poeira aí presente.
Bem próximo de Alfa Crux vemos uma região bastante "escura" conhecida como "Saco de Carvão". Essa região nada mais é que uma nuvem muito densa de gás e poeira. A poeira aí presente impede que vejamos objetos que se encontram atrás da nuvem, daí a "falta de estrelas" que notamos quando olhamos nessa direção, mesmo a olho nú, a partir de um local com condições apropriadas. (Dentro das grandes cidades não é possível vermos.)
No disco de nossa galáxia, encontramos vários aglomerados de estrelas jovens chamados de "Aglomerados Abertos". (Os "Aglomerados Globulares", são formados por estrelas antigas e se encontram fora do plano da Galáxia.)
No Cruzeiro do Sul encontramos vários desses "Aglomerados Abertos". Na fotografia acima assinalamos 3: Kappa Crucis; NGC4609, que se encontra na frente do "Saco de Carvão" e NGC4349. Kappa Crucis, o mais brilhante deles, é fácilmente observável por binóculo; os outros 2 parecerão pequenas "bolinhas de algodão" em um telescópio pequeno.
Kappa Crucis é constituído por estrelas de diferentes cores, daí a sua semelhança com uma "caixinha de jóias", o que lhe dá o nome popular. (A cor de uma estrela é um indício de sua temperatura, que por sua vez é um indício de seu estágio evolutivo-idade. As estrelas quando jovens são quentes e azuis, para depois irem se tornando brancas, amareladas e avermelhadas, à medida que suas temperaturas vão baixando).
Até mesmo a olho nú é possível notar diferença de cor nas 5 estrelas mais brilhantes do Cruzeiro do Sul. Gama e Epsilon Crux são avermelhadas, enquanto as outras 3 são brancas. (Com um instrumento ótico, se você quiser acentuar a cor de uma estrela, veja-a um pouco desfocada.)
Alfa Crux é na realidade um sistema duplo, embora não consigamos ver as 2 estrelas separadamente através de um binóculo e seja preciso uma ocular "forte" para começarmos a distinguí-las através de um pequeno telescópio.