Prof. Renato Las Casas (26/02/07)
A Terra está sempre metade iluminada pelo Sol (a metade dia). Prolongando-se pelo espaço, a partir da metade noite da Terra, temos uma região cônica de sombra. Se você estivesse em uma nave espacial, em algum ponto dessa região, você não veria o Sol, o que quer dizer que nenhuma luz do Sol chegaria diretamente a você. Em torno dessa região de sombra temos uma região de penumbra. Se na mesma nave espacial você estivesse em algum ponto dessa região, você veria parte do Sol (um pedaço do disco solar estaria oculto pela Terra); o que quer dizer que apenas parte da luz do Sol chegaria a você. Quando a Lua passa por essas regiões, temos um Eclipse Lunar. Quando a Lua está parcialmente ou totalmente na região de penumbra, dizemos que temos um ECLIPSE PENUMBRAL; quando está parcialmente na região de sombra (daqui da Terra vemos o disco lunar "faltando um pedaço") dizemos que temos um ECLIPSE PARCIAL e quando está totalmente imersa na região de sombra, dizemos que temos um ECLIPSE TOTAL.
Durante um Eclipse Penumbral, nenhuma região do disco lunar deixa de receber luz diretamente do Sol, porém recebe em "quantidade" menor que o normal. Durante um Eclipse Penumbral, vemos todo o disco lunar, porém com um brilho menor que o normal.
Um Eclipse Penumbral muitas vezes passa desapercebido pelo observador menos experiente. Para o leigo um eclipse só começa quando começa a fase parcial.
Para haver um eclipse parcial, tem de haver duas fases penumbrais. Para haver um eclipse total, tem de haver duas fases penumbrais e duas parciais.
No início da noite de 03 de março, nós brasileiros, teremos a oportunidade de observar um eclipse lunar total.
O início da primeira fase penumbral não será visível do Brasil. A Lua nascerá para nós com o eclipse já em andamento.
Em Minas Gerais a Lua nascerá, aproximadamente, quando a primeira fase parcial estiver começando. Quanto mais a oeste você estiver, mais tarde a Lua nascerá, consequentemente menos do eclipse você verá. No Acre a Lua só nascerá após o início da fase de totalidade.
No mapa acima, quem estiver em alguma localidade sobre a linha P1, verá a Lua nascer no início da fase Penumbral; quem estiver sobre a linha U1, verá a Lua nascer no início da fase parcial; quem estiver sobre a linha U2, verá a Lua nascer no início da fase de totalidade; . . .
Lembre-se que em um Eclipse Lunar a Lua "funciona" como uma tela onde é projetada a sombra da Terra. Todos ao longo de nosso planeta que estiverem vendo a Lua, em um determinado instante, estarão vendo o mesmo Eclipse. Entretanto, enquanto o Eclipse vai acontecendo a Terra vai girando e a Lua vai nascendo para uns e se pondo para outros.
Esse será o primeiro de uma série de três eclipses totais da Lua que ocorrerão em um período inferior a um ano (março/07; agosto/07 e fevereiro/08). Todos os três poderão ser observados do Brasil.
Considerando que, em média, de um mesmo local vemos um eclipse total da Lua a cada três anos, estamos entrando em um período bastante privilegiado para a observação desse interessante fenômeno astronômico.
O último eclipse lunar total que ocorreu, também visível de nosso país, foi em outubro de 2004. Depois de fevereiro de 2008, só veremos outro em dezembro de 2010. Veja tabela abaixo.
DATA | TIPO | DURAÇÃO | REGIÃO de VISIBILIDADE |
---|---|---|---|
28/out/04 | Total | 03h39m/01h21m | 3 Américas, Europa, África, Ásia |
24/abr/05 | Penumbral | - | Ásia, Australia, Pacífico, 3 Américas |
17/out/05 | Parcial | 00h58m | Ásia, Australia, Pacífico, América do Norte |
14/mar/06 | Penumbral | - | 3 Américas, Europa, África, Ásia |
07/set/06 | Parcial | 01h33m | Europa, África, Ásia, Australia |
03/mar/07 | Total | 03h42m/ 01h14m | 3 Américas, Europa, África, Ásia |
28/ago/07 | Total | 03h33m/ 01h31m | Ásia, Australia, Pacífico, 3 Américas |
21/fev/08 | Total | 03h26m/00h51m | Pacífico, 3 Américas, Europa, África |
16/ago/08 | Parcial | 03h09m | America do Sul, Europa, África,Ásia, Australia |
09/fev/09 | Penumbral | - | Europa, Ásia, Australia, Pacífico |
07/jul/09 | Penumbral | - | Australia, Pacífico, 3 Américas |
06/ago/09 | Penumbral | - | 3 Américas, Europa, África, Ásia |
31/dez/09 | Parcial | 01h02m | Europa, África, Ásia, Australia |
26/jun/10 | Parcial | 02h44m | Ásia, Australia, Pacífico, 3 Américas |
21/dez/10 | Total | 03h29m/ 01h13m | Ásia, Australia, Pacífico, 3 Américas, Europa |
O tempo apresentado na coluna DURAÇÃO corresponde à duração da fase de parcialidade. Nos eclipses totais apresentamos a duração da totalidade em negrito.
- Porque os planos das órbitas da Lua em torno da Terra e da Terra em torno da Lua não são coincidentes. Apenas quando a reta interseção entre esses dois planos passar pelo Sol (o que só acontece duas vezes por ano) podemos ter um eclipse.
Porque vemos a Lua durante a fase de totalidade de um eclipse? E ainda por cima avermelhada?
- Vemos a Lua, porque a atmosfera terrestre funciona como uma lente convergente, convergindo os raios de luz do Sol que conseguem lhe atravessar para a região por detrás da Terra. Vemos a Lua avermelhada, porque a atmosfera terrestre também funciona como um filtro; deixando passar a componente vermelha da luz solar em direção à Lua e espalhando a componente azul.
Você gostaria de conhecer a superfície da Lua? Uma boa oportunidade de começar esse seu aprendizado de uma forma bastante prazerosa consiste em acompanhar a passagem da sombra da Terra pelas inúmeras crateras lunares.
Você poderá fazer isso com o auxílio de um telescópio ou mesmo de um bom binóculo e verificar a exatidão dos horários previstos para essas passagens. Na foto abaixo, salientamos 15 crateras facilmente identificáveis.
As crateras salientadas nessa foto estão listadas abaixo com seus respectivos horários de entrada e saída na sombra da Terra. Os horários referem-se à noite do dia 03 de março e correspondem à hora de Brasília.
CRATERA | ENTRADA NA SOMBRA |
---|---|
01 - Grimaldi | 18h34m36s |
02 - Gassendi | 18h39m50s |
05 - Kepler | 18h48m27s |
03 - Clavius | 18h48m30s |
04 - Thycho | 18h49m21s |
07 - Aristarco | 18h53m35s |
06 - Copernico | 18h56m57s |
08 - Eratóstenes | 19h03m14s |
09 - Arquimedes | 19h13m47s |
10 - Plinius | 19h20m39s |
12 - Platão | 19h22m48s |
11 - Langrenus | 19h27m18s |
13 - Aristóteles | 19h30m30s |
14 - Hércules | 19h35m55s |
15 - Atlas | 19h37m15s |
CRATERA | SAÍDA DA SOMBRA |
---|---|
07 - Aristarco | 21h06m10s |
01 - Grimaldi | 21h06m16s |
05 - Kepler | 21h13m04s |
12 - Platão | 21h16m39s |
02 - Gassendi | 21h18m25s |
06 - Copernico | 21h21m43s |
09 - Arquimedes | 21h25m13s |
08 - Eratóstenes | 21h25m24s |
13 - Aristóteles | 21h27m53s |
04 - Thycho | 21h35m59s |
03 - Clavius | 21h36m55s |
14 - Hércules | 21h37m52s |
15 - Atlas | 21h39m40s |
10 - Plinius | 21h45m13s |
11 - Langrenus | 22h06m48s |
A escolha dessas crateras foi feita para o eclipse de maio de 2003. A numeração que demos a elas (estamos reaproveitando a figura acima) corresponde à ordem de entrada dessas crateras na sombra da Terra, durante aquele eclipse. Como a trajetória da Lua em relação ao cone de sombra da Terra varia de eclipse para eclipse, a ordem de entrada (e saída) dessas crateras na sombra da Terra também varia.