Prof. Renato Las Casas (29/07/08; última modificação em 08/08/08)
Dia 16 próximo, teremos um eclipse lunar. Do território brasileiro não veremos o início desse eclipse. A Lua nascerá para nós com o eclipse já acontecendo. Se por um lado, perderemos mais de uma hora de apreciação do fenômeno, por outro lado isso nos permitirá ver o eclipse com a Lua bem próxima à linha do horizonte. A ilusão que temos que a Lua é maior quando a vemos próxima ao horizonte será um fator a mais que contribuirá para aumentar a beleza do fenômeno. Prepare-se para observar um lindo eclipse.
A Terra está sempre metade iluminada pelo Sol (a metade dia).
Prolongando-se pelo espaço, a partir da metade noite da Terra, temos uma região cônica de sombra. Se você estivesse em uma nave espacial, em algum ponto dessa região, você não veria o Sol, o que quer dizer que nenhuma luz do Sol chegaria diretamente a você.
Em torno dessa região de sombra temos uma região de penumbra. Se na mesma nave espacial você estivesse em algum ponto dessa região, você veria parte do Sol (um pedaço do disco solar estaria oculto pela Terra); o que quer dizer que apenas parte da luz do Sol chegaria a você.
Quando a Lua passa por essas regiões, temos um Eclipse Lunar.
Quando a Lua está parcialmente ou totalmente na região de penumbra, dizemos que temos um ECLIPSE PENUMBRAL; quando está parcialmente na região de sombra (daqui da Terra vemos o disco lunar "faltando um pedaço") dizemos que temos um ECLIPSE PARCIAL e quando está totalmente imersa na região de sombra, dizemos que temos um ECLIPSE TOTAL.
Durante um Eclipse Penumbral, nenhuma região do disco lunar deixa de receber luz diretamente do Sol, porém recebe em "quantidade" menor que o normal. Durante um Eclipse Penumbral, vemos todo o disco lunar, porém com um brilho menor que o normal.
Um Eclipse Penumbral muitas vezes passa desapercebido pelo observador menos experiente. Para o leigo um eclipse só começa quando começa a fase parcial.
Para haver um eclipse parcial, tem de haver duas fases penumbrais. Para haver um eclipse total, tem de haver duas fases penumbrais e duas parciais.
Imagine um plano perpendicular ao eixo dos cones de sombra e de penumbra. A intersecção desse plano com esses cones será uma “arruela” de penumbra tendo um disco de sombra no centro. A Lua passará por esse plano.
Uma boa maneira de descrevermos um Eclipse Lunar consiste em descrevermos a trajetória da Lua nesse plano. As durações das fases de um eclipse assim como a definição se haverá ou não eclipse; se o eclipse será total; parcial ou penumbral, são determinadas pela trajetória da Lua nesse plano.
O Eclipse de 16 de agosto será um Eclipse Lunar Parcial. Em seu máximo a Lua ficará com 81% de seu disco mergulhado na sombra da Terra.
Nós brasileiros não veremos o início desse eclipse. A Lua nascerá em nosso território, no inicinho da noite, com o eclipse já acontecendo.
Em Belo Horizonte a Lua nascerá às 17:50h, um pouco antes do máximo do Eclipse que acontecerá às 18:10h.
Às 19:45h teremos o fim da fase de parcialidade. A segunda fase penumbral (muito difícil de ser observada pelo leigo) vai até às 20:57h.
Teremos assim quase duas horas (das 17:50 às 19:45h) para apreciarmos esse que promete ser um belo fenômeno. (Lembre-se que veremos a Lua eclipsada bem próxima à linha do horizonte)
Em um Eclipse Lunar a Lua "funciona" como uma tela onde é projetada a sombra da Terra. Todos ao longo de nosso planeta que estiverem vendo a Lua, em um determinado instante, estarão vendo o mesmo Eclipse. Entretanto, enquanto o Eclipse vai acontecendo a Terra vai girando e a Lua vai nascendo para uns e se pondo para outros.
No mapa acima, quem estiver em alguma localidade sobre a linha P1 (à esquerda da região de visibilidade total), verá a Lua nascer no início da primeira fase Penumbral; quem estiver sobre a linha U1 (também à esquerda da região de visibilidade total), verá a Lua nascer no início da fase parcial; quem estiver sobre a linha U4 (também à esquerda), verá a Lua nascer no final da fase parcial; . . .
O último eclipse da Lua que ocorreu foi um eclipse total, totalmente visível de nosso país, em fevereiro passado. Depois do eclipse do dia 16 próximo, teremos um outro eclipse parcial, não visível do Brasil, em dezembro de 2009. De nossa região do planeta só veremos um outro eclipse lunar (também parcial) em junho de 2010. Um total, somente em dezembro de 2010. Veja tabela abaixo.
DATA | TIPO | DURAÇÃO | REGIÃO de VISIBILIDADE |
---|---|---|---|
21/fev/08 | Total | 03h26m/00h51m | Pacífico, 3 Américas, Europa, África |
16/ago/08 | Parcial | 03h09m | America do Sul, Europa, África,Ásia, Australia |
09/fev/09 | Penumbral | Europa, Ásia, Australia, Pacífico | |
07/jul/09 | Penumbral | Australia, Pacífico, 3 Américas | |
06/ago/09 | Penumbral | 3 Américas, Europa, África, Ásia | |
31/dez/09 | Parcial | 01h02m | Europa, África, Ásia, Australia |
31/dez/09 | Parcial | 01h02m | Europa, África, Ásia, Australia |
26/jun/10 | Parcial | 02h44m | Ásia, Australia, Pacífico, 3 Américas |
21/dez/10 | Total | 03h29m/ 01h13m | Ásia, Australia, Pacífico, 3 Américas, Europa |
O tempo apresentado na coluna DURAÇÃO corresponde à duração da fase de parcialidade.
Nos eclipses totais apresentamos a duração da totalidade em negrito.
Porque os planos das órbitas da Lua em torno da Terra e da Terra em torno do Sol não são coincidentes. Apenas quando a reta interseção entre esses dois planos passar pelo Sol (o que só acontece duas vezes por ano) podemos ter um eclipse.