Ariana França Clávia (Monitora OAFR) 31/05/10
Antes da década de 30, as constelações eram definidas como agrupamentos de estrelas na esfera celeste* que, imaginariamente, formavam figuras de personagens como pessoas, animais, objetos ou seres mitológicos. Este conceito passou a ser inconveniente para o progresso científico do século XX.
Em 1930, Eugène J. Delporte propôs um novo conceito de constelação. Este foi adotado pela IAU (International Astronomical Union - União Astronômica Internacional) e continua em vigor até hoje, o qual determina que constelação é a divisão da esfera celeste, geometricamente, em 88 regiões ou partes. De maneira que, olhando para o céu de dentro da esfera celeste, qualquer objeto celeste que estiver na região de uma constelação, além das estrelas da mesma, é considerado parte da constelação. Esse objeto pode não ter qualquer tipo de ligação astrofísica com os outros objetos pertencentes à constelação.
Na realidade, as estrelas e outros constituintes de uma constelação geralmente não têm relação física entre si. Mas tendemos a pensar o contrário. Isto porque quando olhamos para o céu, não temos a percepção das distâncias reais das estrelas a nós, mas apenas uma idéia da disposição delas em relação às outras na esfera celeste. Por isso, temos a impressão de que todas as estrelas, nebulosas, galáxias e outros objetos celestes, estão todas à mesma distância da Terra e próximos entre si.
Na figura abaixo, temos um exemplo de constelação. A linha vermelha ao redor do desenho artístico de uma cruz indica a região que delimita a constelação do Cruzeiro do Sul na esfera celeste. O desenho da cruz está sobre as linhas imaginárias que ligam as principais estrelas da constelação. A diferença no brilho aparente das estrelas é representada no tamanho do desenho delas.
*Esfera Celeste: quando observamos o céu noturno em uma noite estrelada, temos a impressão de estarmos no meio de uma grande esfera ou abóbada (espécie de teto curvo) onde estariam incrustadas as estrelas. Isto inspirou os antigos a chamar o céu de esfera celeste. Hoje essa idéia é usada apenas para simplificar a compreensão do céu, suas regiões e mudança de posição aparente durante o decorrer da noite. Não fazem parte da esfera celeste os planetas, o Sol e a Lua por suas relações mais dinâmicas em relação à Terra.
O ser humano desde a antiguidade possui curiosidade a respeito do céu estrelado. Isto é evidenciado em inscrições e construções antigas. O céu era visto com certo espanto, receio, admiração e respeito. O desconhecimento das causas científicas dos fenômenos astronômicos instigava o ser humano a destinar valores divinos aos astros celestes.
As constelações foram inventadas pelo ser humano. Cada povo e tribo possuíam suas próprias constelações. Às vezes, coincidia que quase o mesmo conjunto de estrelas tinha nome e significado diferentes para povos diferentes. Guardar a forma ou a localização dessas figuras no céu não era um trabalho fácil, e assim, criavam mitos e histórias sobre as constelações.
Com o tempo, os povos perceberam que as constelações podiam ser úteis. Era possível identificar os períodos de caça, agricultura e pesca. Serviam para determinar a passagem do tempo, as estações do ano e o clima. Foram feitos calendários inspirados nos fenômenos celestes (como os períodos lunares e solares). Demarcaram a trajetória do Sol durante o ano usando as constelações que chamaram de Zodíaco (dependendo da posição do Sol no Zodíaco, sabiam-se as condições do clima e as estações do ano).
Atualmente, as constelações não possuem a mesma importância da antiguidade. Mas ainda são úteis para os estudos astronômicos, como por exemplo, indicar direções no Universo e tornar mais fácil a identificação de astros no céu. Existem estrelas que são utilizadas para direcionar equipamentos de navegação espacial, como a Canopus, da constelação Carina, a Formalhaut, do Peixe austral, e Sírius, do Cão maior.
Algumas constelações só podem ser vistas completamente por alguém que se encontra num hemisfério terrestre. Por exemplo, a Ursa Menor, por quem está no Hemisfério Norte, e o Octante, por quem está no Hemisfério Sul.
Das 88 constelações reconhecidas pela União Astronômica Internacional hoje, mais da metade foram descritas primeiramente pelos gregos antigos. Cláudio Ptolomeu (127-145 d.C.), baseando-se provavelmente no catálogo de estrelas do astrônomo grego Hiparco (século II a.C.), atualizou o mesmo e organizou as estrelas em 48 constelações, registradas em seu sétimo e oitavo livro Almagesto. Entre o século XVI e XVII d.C., astrônomos europeus, navegantes e cartógrafos celestes, adicionaram novas constelações às de Ptolomeu, principalmente feitas pelos europeus que primeiro exploraram o Hemisfério Sul: o astrônomo Johannes Hevelius, os holandeses, Frederick de Houtman, Pieter Dirkszoon Keyser e Gerard Mercator, o astrônomo francês Nicolas Louis de Lacaille, e outros.
Segundo a União Astronômica Internacional, a esfera celeste está dividida em 88 partes. Abaixo, estão seus nomes em latim e sua tradução para o português:
Andromeda, Andrômeda (mit.)
Antlia, Bomba de Ar
Apus, Ave do Paraíso
Aquarius, Aquário
Aquila, Águia
Ara, Altar
Aries, Áries (Carneiro)
Auriga, Cocheiro
Boötes, Pastor
Caelum, Buril de Escultor
Camelopardalis, Girafa
Cancer, Câncer (Caranguejo)
Canes Venatici, Cães de Caça
Canis Major, Cão Maior
Canis Minor, Cão Menor
Capricornus, Capricórnio
Carina, Quilha (do Navio)
Cassiopeia, Cassiopéia (mit.)
Cetus, Baleia
Chamaeleon, Camaleão
Circinus, Compasso
Columba, Pomba
Coma Berenices, Cabeleira
Corona Australis, Coroa Austral
Corona Borealis, Coroa Boreal
Corvus, Corvo
Crater, Taça
Crux, Cruzeiro do Sul
Cygnus, Cisne
Delphinus, Delfim
Dorado, Dourado (Peixe)
Draco, Dragão
Equuleus, Cabeça de Cavalo
Eridanus, Eridano
Fornax, Forno
Gemini, Gêmeos
Grus, Grou (tipo de ave)
Hercules, Hércules
Horologium, Relógio
Hydra, Cobra Fêmea
Hydrus, Cobra Macho
Indus, Índio
Lacerta, Lagarto
Leo, Leão
Leo Minor, Leão Menor
Lepus, Lebre
Libra, Libra (Balança)
Lupus, Lobo
Lynx, Lince
Lyra, Lira
Mensa, Montanha da Mesa
Microscopium, Microscópio
Monoceros, Unicórnio
Musca, Mosca
Norma, Régua
Octans, Octante ou Oitante
Ophiuchus, Caçador de Serpentes
Orion, Órion (Caçador)
Pavo, Pavão
Pegasus, Pégaso (Cavalo Alado)
Perseus, Perseu (mit.)
Phoenix, Fênix
Pictor, Cavalete do Pintor
Pisces, Peixes
Piscis Austrinus, Peixe Austral
Puppis, Popa (do Navio)
Pyxis, Bússola
Reticulum, Retículo
Sagitta, Flecha
Sagittarius, Sagitário
Scorpius, Escorpião
Sculptor, Escultor
Scutum, Escudo
Serpens, Serpente
Sextans, Sextante
Taurus, Touro
Triangulum, Telescópio
Triangulum Australe, Triângulo Austral
Tucana, Tucano
Ursa Major, Ursa Maior
Ursa Minor, Ursa Menor
Vela, Vela (do Navio)
Virgo, Virgem
Volans, Peixe Voador
Vulpecula, Raposa
Das 88 constelações ocidentais, algumas são mais fáceis de identificar no céu noturno por causa de suas estrelas de maior brilho aparente. Uma constelação bastante fácil é a de Órion, cuja sigla é “Ori”. Esta é uma das mais bonitas do céu noturno, e representa a figura mitológica de um caçador ou de um guerreiro gigante em companhia de seus dois cães de caça (representados pelas constelações Cão Maior e Cão Menor).
Na mitologia grega, Órion foi perseguido e ferido mortalmente por um escorpião enviado para matá-lo. Esses dois personagens, Órion e Escorpião, tornaram-se constelações, e foram postos no céu em oposição: quando Órion está se pondo no oeste, Escorpião está nascendo no leste. Mas há outras mitologias, em outras culturas, relacionadas a estes personagens.
Para encontrar Órion, o observador pode procurar no céu um conjunto de três estrelas próximas de brilho parecido e enfileiradas, conhecidas como “Três Marias” (seus nomes verdadeiros são: Alnilam, Alnitak e Mintaka). Estas fazem parte de Órion, sendo seu cinto ou cinturão. Próximo ao cinturão é possível ver quatro estrelas brilhantes, duas acima e duas abaixo do cinturão, formando uma figura que lembra asas de borboleta.
Há um objeto celeste bem conhecido nesta constelação, que é a Nebulosa de Órion ou M42 / M43. É uma grande nuvem de gás e poeira formadora de estrelas. Encontra-se a cerca de 1500 anos-luz de distância. O telescópio Hubble já detectou cerca de 150 regiões nessa nebulosa onde há formação de estrelas e talvez futuros sistemas estelares com planetas.
Abaixo, temos a parte da bandeira do nosso país onde há a representação parcial ou total das principais estrelas de algumas constelações. As estrelas da bandeira brasileira representam os estados e o Distrito Federal do nosso país, sendo 26 estrelas para os estados e uma para o Distrito Federal.
O céu representado na nossa bandeira corresponde ao céu da cidade do Rio de Janeiro no dia e hora da Proclamação da República, que aconteceu no dia 15 de novembro de 1889, às 08h30min. Neste horário, não havia estrelas visíveis no céu além do nosso Sol, pois a luz dele, espalhada na nossa atmosfera, ofusca o brilho das outras estrelas. Mas mesmo assim, os astrônomos sabiam as constelações que estavam no céu naquele momento.
Segundo a Lei nº 5.700 de 1º de Setembro de 1971, as estrelas representadas na bandeira devem ser postas como se estivessem sendo vistas de fora da esfera celeste. Por causa disso, as constelações aparecem “espelhadas” (invertidas). Veja abaixo um exemplo.
Numa constelação, a estrela mais brilhante recebe o nome de alfa; a segunda mais brilhante recebe o nome de beta; a terceira mais brilhante recebe o nome de gama, e assim por diante, sempre de acordo com a ordem alfabética do alfabeto grego. Temos assim: alfa crux, beta crux, alfa leonis, beta leonis e ect.
Esta constelação é importante e famosa no Hemisfério Sul. Apesar de ser pequena, é bem reconhecível por suas estrelas de brilho considerável.
O Cruzeiro do Sul, para os gregos antigos, pertencia à constelação do Centauro. Os navegantes europeus no século XVI transformaram essa parte do Centauro em outra constelação e a chamaram de Cruzeiro do Sul. Por sua vez, o cruzeiro ajudava nas rotas dos navegantes, pois o eixo maior da cruz aponta aproximadamente para o pólo Sul celeste. Basta tomarmos o tamanho do eixo maior da cruz e o prolongarmos em linha reta cerca de quatro vezes e meia.
Um dos objetos celestes interessantes no Cruzeiro do Sul é o Aglomerado Aberto de estrelas chamado Caixa de Jóias ou NGC 4755. Pode ser visto a olho nu, próximo a beta crux, como uma pequena mancha. Tem o nome de Caixa de Jóias, pois nos dá a impressão de estarmos vendo jóias brilhantes ao telescópio.
Na nossa bandeira, as estrelas do Cruzeiro do Sul representam os estados do sudeste do país e o estado da Bahia.
Temos os estados, em ordem de brilho das estrelas: São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo.
Constelação facilmente reconhecível. Podemos vê-la do lado esquerdo do Cruzeiro do Sul na direção leste. A “cauda” curva, sugerindo uma interrogação de ponta cabeça é muito aparente no céu. Faz parte do zodíaco, e se localiza entre as constelações da Libra e de Sagitário. Na mitologia grega, foi o animal que matou Órion com sua picada.
A estrela de maior brilho aparente desta constelação é a supergigante vermelha Antares, e é centenas de vezes maior que o Sol. É conhecida também como o “coração do Escorpião”.
Na nossa bandeira, representa os estados do nordeste, em ordem de brilho das estrelas: Piauí, Maranhão, Ceará, Alagoas, Sergipe, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco.
Cão Maior é a constelação que contém a estrela mais brilhante do céu noturno, Sírius. Para os gregos antigos, este cão era um dos que seguiam o caçador mitológico Órion em suas caçadas. Sírius é bastante semelhante ao Sol em tamanho e luminescência. Está a cerca de 8,7 anos luz de distância.
As histórias sobre os cães de Órion não são de proporções míticas, mas os gregos tinham várias crenças interessantes sobre Sírius, Alpha Canis Majoris. O nome Sírius talvez tenha vindo do grego, que significa "ardente". O Ano Novo ateniense começava com o aparecimento desta estrela.
Na bandeira, representa os seguintes estados, em ordem de brilho das estrelas: Mato Grosso, Amapá, Rondônia, Roraima e Tocantins.
Representa o menor dos cães de caça de Órion. O único ponto de interesse é a sua alfa, Procyon. O nome significa em grego "antes do cão", referindo-se ao fato de que esta estrela aparece no céu, do Hemisfério Norte, um pouco antes de Sírius nascer. Está a cerca de 11,4 anos-luz de distância, e está quase tão perto de nós quanto Sírius.
Na nossa bandeira, esta constelação é representada pela estrela Procyon, uma estrela sozinha, no lado esquerdo e debaixo da faixa “Ordem e Progresso”. Representa o estado do Amazonas.
"O Triângulo do Sul" é uma constelação que também não é difícil de ser identificada, pois é uma das poucas que possui uma figura óbvia. Localiza-se próximo ao Cruzeiro do Sul e da constelação do Centauro.
Esta é a segunda maior constelação do céu e a maior do Zodíaco. Virgem possui uma série de antigos mitos e contos. Para os antigos romanos, era a deusa Ceres do crescimento das plantas alimentares e das colheitas, e particularmente do milho.
Alpha Virginis é conhecida como Spica: a orelha "de trigo" que a deusa carrega. Spica é um binário eclipsante azul-branco com um período de pouco mais de quatro dias. A estrela é o dobro do tamanho do Sol, mas com uma luminosidade de cerca de duas mil vezes a do sol. Está a 260 anos-luz de distância.
Há um aglomerado de galáxias chamado Aglomerado de Virgem. Este aglomerado fica localizado no “ombro” da Virgem. Acima, está representado pelos pequenos círculos vermelhos no alto da figura.
Na bandeira, a estrela Spica representa o estado do Pará, sendo a única estrela acima da faixa “Ordem e Progresso”.
Esta constelação não é fácil de identificar no céu. Carina significa a quilha (peça estrutural básica de uma embarcação) do navio mitológico Argo. Fazia parte da figura do Navio mitológico, que representa a nau dos argonautas, e foi dividida em três partes no século XVIII: Carina, Popa e Vela.
Carina é o lar da estrela Canopus (alpha Carinae), a segunda estrela mais brilhante do céu noturno. Localiza-se a cerca de 310 anos-luz de nós.
Na bandeira, a estrela Canopus representa o estado de Goiás.
Hidra é a maior constelação da esfera celeste. Estende-se por mais de um quarto do céu, passando perto de constelações como, a Balança, o Centauro, o Corvo, a Taça, o Sextante e Câncer.
É difícil de ver no céu, pois suas estrelas em geral têm pouco brilho, e é uma constelação muito extensa. O que mais chama a atenção nesta constelação é a região da cabeça, formada por seis estrelas de brilho modesto.
Na mitologia grega, Hidra era um monstro de muitas cabeças morto por Hércules em um de seus doze trabalhos. Mas no céu é representada como uma cobra d’água de uma só cabeça.
Na bandeira, a Hidra aparece por apenas duas estrelas, e representam os estados do Acre e Mato Grosso do Sul.
Representa um instrumento náutico chamado de Octante ou Oitante, que serve para dividir um círculo em oito partes, o que facilita a tomada de medidas angulares na astronomia e navegação. A constelação foi criada pelo astrônomo francês Nicolas Louis de Lacaille no século XVI. Ela comemora o Octante, que foi inventado por John Hadley em 1731.
A maioria das estrelas do Octante tem pouco brilho aparente, incluindo sigma(σ) octantis, a estrela do pólo Sul (que na verdade está a um grau a partir do pólo sul verdadeiro atualmente). Por seu brilho tão ínfimo, é difícil vê-la a olho nu. Por isso, não temos no hemisfério sul uma estrela brilhante para demarcar um local próximo ao pólo assim como a estrela polar Norte, Polaris (Ursa Menor). Mas podemos encontrar o local aproximado do pólo Sul celeste usando a constelação do Cruzeiro do Sul.
Na bandeira, esta constelação aparece somente pela estrela sigma octantis, e representa o Distrito Federal. Pode parecer estranho que tenha sido escolhida uma das estrelas menos brilhantes no céu para representar a capital do nosso país. Mas o motivo disso é o seguinte: é a estrela mais próxima do pólo Sul celeste, e por isso, as estrelas das outras constelações giram ao redor da sigma octantis, ou seja, todos os estados do Brasil “giram” ao redor do Distrito Federal.
Veja a foto abaixo. Esta é uma foto de longa exposição da região do pólo Sul celeste, onde se podem ver os rastros das estrelas no céu indicando suas trajetórias no decorrer do tempo. Percebe-se que não há estrelas de brilho muito grande próximas ao pólo.
O Zodíaco é uma faixa do céu limitada por dois paralelos de latitude celeste: um situado a 8º ao norte e o outro a 8º ao sul da Eclíptica (linha central do Zodíaco). Nessa faixa, passam sempre o Sol, a Lua e os planetas.
A Eclíptica é o círculo máximo da Esfera Celeste que representa a trajetória anual do Sol em seu movimento aparente ao redor da Terra. O movimento aparente do Sol é uma consequência do movimento de translação da Terra, que em um ano, descreve sua órbita ao redor do Sol. Este se desloca pela Eclíptica atravessando 13 constelações chamadas de constelações zodiacais, que são: Peixes, Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem, Libra, Escorpião, Ofiúco, Sagitário, Capricórnio e Aquário. Para um observador na Terra, a impressão é de que o planeta está fixo e o Sol, em um ano, realiza uma volta pela Esfera Celeste, percorrendo a Eclíptica.
O Zodíaco possui importância apenas pelo fato de ser sobre ele que estão o Sol, a Lua e os planetas. Na realidade, há 24 constelações localizadas na faixa zodiacal, algumas totalmente inclusas, e outras em somente uma parte. Mas as que são atravessadas pela Eclíptica são 13 constelações.
O Sol permanece em média um mês em cada constelação na Esfera Celeste. No caso de Virgem, onde leva mais tempo, são 44 dias, já em Escorpião, onde passa menos tempo, apenas 07 dias (e daí vai para Ophiuchus, onde passa 18 dias).
A seguir, as constelações do Zodíaco serão apresentadas de acordo com a ordem de passagem do Sol durante o ano, considerando como primeira constelação o Capricórnio (de 19 de janeiro a 15 de fevereiro).
A constelação é antiga, e foi um dos primeiros membros do Zodíaco, sendo a sua menor constelação. Possui estrelas de pouco brilho, e por isso não é fácil de identificá-la no céu. A linha vermelha, atravessando Capricórnio na figura, representa a linha da Eclíptica. Localiza-se entre Aquário e Sagitário. É normalmente traduzida como "A Cabra do Mar" ou "A Cabra-Peixe", embora o nome signifique, literalmente, com chifres de cabra.
Na mitologia grega, representava o deus Pã, que era semelhante a um bode. Pã era muito indeciso, nunca sabia tomar uma decisão depressa. Numa ocasião, os deuses estavam fugindo de um monstro marinho chamado Tifón. Os deuses se disfarçaram para despistar o monstro, mas Pã, em dúvida de qual animal se transformar, quando viu a sombra do monstro aproximar-se, sem conseguir decidir-se, transformou o seu tronco em cabra e as suas pernas num rabo de peixe: ficou transformado num peixe-cabra.
É uma das maiores constelações do Zodíaco, localiza-se entre Capricórnio e Peixes. O Sol passa em Aquário de 16 de fevereiro a 11 de março. Na mitologia grega, representa um jovem, e às vezes um homem velho, derramando água de uma jarra. Era um belo pastor, Ganimedes, de quem Zeus se agradou. Zeus enviou uma águia (há versões que dizem que o próprio Zeus que se transformou) que levou o rapaz para o monte Olimpo, onde serviria como copeiro dos deuses.
Representa dois peixes ligados pelas suas caudas na estrela alpha piscium. Na verdade, o nome da alfa, "Al Rischa", significa "o cordão". A constelação é bastante fraca; as estrelas de Peixes são geralmente de quarta magnitude. Localiza-se entre Aquário e Áries. O Sol passa em Peixes de 12 de março a 18 de abril.
Sua importância está em conter o ponto em que o Sol cruza o equador indo em direção ao norte a cada ano, no equinócio de março. Veja na figura abaixo onde a linha de cor vermelha, a Eclíptica, e a de cor azul, o Equador Celeste, se cruzam.
No mito grego, representa Afrodite e seu filho Eros, que se transformaram em peixes e mergulharam no Eufrates para escapar do monstro Tífon.
Seu nome significa carneiro. Situa-se entre Peixes e Touro, e não é muito brilhante. Uma das formas de encontrá-la no céu é localizar as Plêiades (grande aglomerado aberto de estrela na constelação de Touro), pois fica próxima a este aglomerado. O Sol passa em Áries de 19 de abril a 13 de maio.
Na mitologia grega, representa o carneiro cujo velocino de ouro estava num carvalho na Cólquida, costa leste do mar Negro. Jasão e os argonautas fizeram uma viagem para levar o velocino à Grécia.
Touro é uma constelação que pode ser encontrada com facilidade. Localiza-se próxima a constelação de Órion. Sua estrela alfa, Aldebaran, é uma estrela gigante vermelha de cor muito visível no céu. Possui o grande e nítido aglomerado aberto de estrelas, Plêiades, conhecido também como Sete Irmãs. Podemos ver seis membros deste aglomerado a olho nu. Dista cerca de 400 anos-luz da Terra. O Sol passa em Touro de 14 de maio a 19 de junho.
Outro aglomerado grande em Touro são as Híades (parte da constelação em formato de “V”). Está localizado a cerca de 150 anos-luz de nós, e é o aglomerado considerado mais próximo.
Há também outros objetos celestes interessantes, mas nem todos são possíveis de ver a olho nu ou com um telescópio pequeno. Um exemplo disso é a Nebulosa do Caranguejo (Veja abaixo). É o resto de uma estrela que explodiu. Foi visivelmente registrada em julho de 1054 por astrônomos chineses e japoneses. Na verdade, teria sido difícil não notar, pois esteve muito brilhante naquela época, o suficiente para ser visto até mesmo durante o dia por quase um mês.
Na mitologia grega, o Touro representa o disfarce que Zeus usou para atrair a atenção da princesa da Fenícia chamada Europa. Atravessou o Mediterrâneo a nado levando Europa nas costas até ilha de Creta.
Esta é uma constelação identificável com facilidade por suas estrelas mais brilhantes, Castor e Pollux, que representam as cabeças dos gêmeos mitológicos. Localiza-se entre Touro e Câncer. O Sol passa em Gêmeos de 20 de junho a 20 de julho.
Castor (alpha Geminorum) na verdade não é a mais brilhante de Gêmeos, mesmo tendo o nome de alfa. A mais brilhante é a Pollux. Castor está a 52 anos-luz de distância. Não é uma grande estrela em particular, tem cerca de duas vezes o diâmetro do Sol, e é um notável binário. Já Pollux, está a cerca de 34 anos-luz. É consideravelmente maior, com um diâmetro estimado de cerca de dez sóis. Elas estão a 4,5 graus de separação uma da outra, o que ajuda a observadores estimarem distâncias de separação entre outras estrelas no céu.
Na mitologia grega, os gêmeos são apenas metade irmãos. São filhos da mesma mãe (Leda), mas têm pais diferentes. O pai de Castor era um rei de Esparta, Tíndaro, e o pai de Pollux era ninguém menos que Zeus.
Câncer, traduzido como caranguejo, é a constelação mais fraca de todas as constelações do Zodíaco. Localiza-se entre Gêmeos e Leão. O Sol passa em Câncer de 21 de julho a 9 de agosto.
Um dos objetos celestes em Câncer é o aglomerado estelar M44 chamado de Presépio (ou Colméia, ou Manjedoura). É possível vê-lo a olho nu como um ponto difuso, e fica bonito pelo binóculo.
Na mitologia grega, o caranguejo atacou Hércules durante a sua luta com a Hidra, mas foi esmagado pelo pé do herói.
É uma constelação onde a figura lembra realmente um leão. Localiza-se entre Câncer e Virgem. O Sol passa nesta constelação de 10 de agosto a 15 de setembro. No mito grego, Leão atormentava uma pequena aldeia da Grécia chamada Neméia. O animal era de couro impenetrável, mas Hércules conseguiu matá-lo.
Alpha leonis é chamada de "Regulus", e era vista como "Guardião do Céu". O nome de Regulus foi dado por Copérnico, mas a estrela era mais conhecida na antiguidade como “Cor Leonis”, “Coração de Leão”. Regulus é um binário múltiplo. Localiza-se tão próxima à Eclíptica, que a Lua muitas vezes passa perto, e até oculta a estrela em raras ocasiões.
O Sol passa em Virgem de 16 de setembro a 30 de outubro. Ver detalhes no tópico “Constelações da Bandeira”.
Libra significa balança. Está localizada entre Virgem e Escorpião. Representa a balança da justiça segurada por Virgem. O Sol passa em Libra de 31 de outubro a 22 de novembro.
Para os gregos antigos, esta constelação fazia parte do Escorpião sendo suas garras. Por isso, suas duas estrelas mais brilhantes, ainda chamadas de Zubenelgenubi (alfa librae), veja seta vermelha na figura acima, e Zubeneschamali (beta librae), seta alaranjada na figura acima, significam “garra do sul” e “garra do norte”, respectivamente.
O Sol passa em Escorpião de 23 de novembro a 29 de novembro. Ver detalhes no tópico “Constelações da Bandeira”.
O nome Sagitário deriva da palavra em latim sagitta que significa seta. Foram os romanos que deram o nome à constelação de Sagitário. É uma brilhante constelação do Zodíaco, entre Escorpião e Capricórnio. Tem como característica um padrão de estrelas que lembra o formato de um bule. Localiza-se próxima a região do céu onde está situada a direção do centro da nossa galáxia, Via Láctea. O Sol passa em Sagitário de 18 de dezembro a 18 de janeiro.
Ofiúco, ou serpentário, é uma constelação distribuída sobre o equador celeste. Representa um homem segurando uma serpente. A cabeça de Ofiúco fica próxima da constelação de Hércules, e seus pés sobre a constelação do Escorpião. Embora seja uma constelação em que o Sol passe de 30 de novembro a 17 de dezembro, ela não faz parte do zodíaco. Mas vale citá-la aqui. A linha vermelha na figura abaixo é a linha da Eclíptica.
Na mitologia grega, Ofiúco era tido como o deus grego da medicina chamado de Esculápio. Ele ressuscitava os mortos. Hades, deus do Inferno, temendo que isto o atrapalhasse em seu comércio de almas mortas, pediu a Zeus que matasse Esculápio com um raio. Zeus pôs Esculápio entre as estrelas, onde é visto segurando uma serpente, símbolo da cura.